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Sinais de violência doméstica: o que é, como idenfiticar e sair dessa situação?

  • Foto do escritor: Dra. Sandy Freitas
    Dra. Sandy Freitas
  • 4 de jun.
  • 4 min de leitura
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Houve um tempo em que a violência doméstica era vista como um assunto particular, escondido atrás das portas fechadas de casa.


A velha máxima "em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher" era usada para justificar o silêncio, o medo e a omissão. Mas felizmente, essa mentalidade está ficando para trás.


Hoje, falar sobre violência doméstica é um ato de coragem, de proteção e, acima de tudo, de amor-próprio. As campanhas de conscientização, os avanços na legislação e o fortalecimento das redes de apoio ajudaram a tirar esse tema da sombra.


No entanto, por mais que já tenhamos caminhado, muitas mulheres ainda vivem em relacionamentos marcados por abusos silenciosos e, muitas vezes, imperceptíveis aos olhos de quem está emocionalmente envolvida.


Muitas vezes, o que parece ser apenas um incômodo pontual — uma palavra atravessada, uma crítica frequente, uma proibição disfarçada de cuidado — pode ser, na verdade, o início de um ciclo de violência.


Esse ciclo nem sempre começa com agressões físicas.


Ele se instala de forma sutil, infiltrando-se no cotidiano e minando a autoestima da vítima, até que ela comece a duvidar da própria percepção da realidade.


Se você já se perguntou se algo está errado em seu relacionamento, se já sentiu medo dentro da própria casa ou se tem a sensação constante de estar "pisando em ovos", saiba que esses sentimentos não são exagero nem fraqueza.


Eles podem ser sinais de que você está vivendo uma situação de violência — e reconhecer isso é o primeiro passo para mudar sua história.


É importante compreender que a violência doméstica não se resume a tapas e empurrões. Não existe só a violência física.


A Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) reconhece diversas formas de violência contra a mulher, todas com o mesmo potencial de causar sofrimento, controle e dominação.


A violência psicológica, por exemplo, é uma das mais comuns e, ao mesmo tempo, das mais difíceis de identificar. Ela aparece nas críticas constantes, nas humilhações disfarçadas de brincadeira, nas ameaças veladas, nas tentativas de fazer você duvidar de si mesma. É a violência que não deixa marcas visíveis no corpo, mas adoece a mente e paralisa a vontade.


Há também a violência moral, que acontece quando a mulher é acusada injustamente, tem sua honra atacada, sua reputação manchada por mentiras e fofocas. Quantas vezes mulheres são chamadas de loucas, de desequilibradas, simplesmente por se posicionarem ou questionarem comportamentos abusivos?


A violência patrimonial, por sua vez, envolve o controle financeiro e a sabotagem da autonomia da mulher. Quando ele esconde seus documentos, quebra seu celular, impede que você trabalhe ou toma decisões sobre seus bens sem sua autorização, isso também é violência. Já a violência física é aquela mais reconhecível, mas nem por isso menos grave: qualquer ato que fira o corpo, desde empurrões até agressões mais severas, é crime e precisa ser denunciado.


E por fim, há a violência sexual, que infelizmente ainda é cercada de silêncio dentro das relações. Ser forçada a ter relações contra a vontade, mesmo dentro de um casamento ou namoro, é uma violação dos seus direitos e da sua dignidade.


Quando você começou esse relacionamento, provavelmente tinha esperança de que fosse uma parceria baseada em amor, respeito e companheirismo.


Ninguém entra em uma relação esperando ser machucada.


Mas quando o que deveria ser um porto seguro se transforma em um ambiente de medo, controle e insegurança, é preciso entender que algo precisa mudar.


E sim, há saída.


Pode não ser simples, pode dar medo, mas há caminhos seguros e redes de apoio prontas para te acolher e te ajudar a reconstruir sua vida.


O primeiro passo é parar de silenciar sua intuição.


Se algo te incomoda, se você sente que está perdendo o controle da sua própria vida, confie nesse incômodo. Em seguida, procure ajuda. Isso não significa tomar decisões impulsivas ou se expor a riscos imediatos.


Significa se informar, conversar com profissionais de confiança, entender seus direitos e, se possível, começar a registrar os episódios.


Guarde mensagens, anote situações, fotografe objetos quebrados — tudo isso pode ser fundamental para garantir sua segurança e, mais à frente, tomar providências legais.


A legislação brasileira oferece mecanismos de proteção eficazes, como as medidas protetivas de urgência, previstas na Lei Maria da Penha, que podem incluir o afastamento imediato do agressor, a proibição de contato e a garantia da sua integridade física e emocional.


Essas medidas são solicitadas junto ao Poder Judiciário e podem ser acionadas com rapidez, sempre que necessário. Além disso, é possível solicitar a guarda dos filhos, regular visitas e buscar apoio jurídico e psicológico especializado.


Se você está lendo este texto e se identificou com algum trecho, saiba que você não está sozinha. Muitas mulheres já estiveram exatamente onde você está agora e, com o apoio certo, conseguiram romper esse ciclo e recomeçar.


A vergonha, o medo, a dúvida e a culpa fazem parte desse processo, mas não devem te paralisar. Reconhecer que algo está errado e tomar a decisão de buscar ajuda é, por si só, um ato de força e de amor-próprio.


É o primeiro passo para recuperar sua autonomia, sua tranquilidade e sua liberdade.


Lembre-se: sua vida é preciosa. Seu bem-estar importa. E ninguém tem o direito de te ferir — nem com palavras, nem com gestos, nem com silêncio.


Existe vida após a violência.


Existe amparo, existe justiça, existe recomeço.


E você merece vivê-los.


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